terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Diamo-te

II

 

"Como é que te chamas?"
"Don't know."
"Não falas português?"
"Don't know."
O rapaz, com cabelo castanho claro, magro, falava um inglês com sotaque (russo, talvez?) tinha chegado de táxi a casa de Diana.
"Como é que vieste aqui parar?"
Diana não se esforçava muito por se fazer entender. Ainda não o tinha deixado entrar em casa.
"On computer. GPS sign to place where box was."
Era mais difícil compreender do que fazer-se compreender.
"And adress here."
"Encontraste a minha morada numa caixa?"
O russo parecia compreender e acenou que sim.
"Que estava na Internet?"
Acenou mais uma vez.
Diana ficou espantada. Olhou para a frente, com a mão a tapar-lhe a boca. Olhou  russo. 
"Entra."
Ele entrou.
"Queres chá?"
Ele não respondeu.
Ela foi buscar um lençol e uma almofada.
"Podes ficar aqui."
Largou-os no sofá.
"No"
"Como?"
O russo aproximou-se da mesa. Havia uma câmara fotográfica lá. Apontou para a câmara.
"Can I?"
"Sim, podes."
Pegou na câmara. Fez zoom in, zoom out, focou, desfocou, apontou para a rapariga. Disparou. Sorriu.
Diana olhou-o. Transformou-o em letras. Sorriu.


2 comentários:

  1. Jorge Palma anda a inspirá-lo :) tem todo o meu apoio.

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  2. gostei da evolução da historia, só não percebi o seguimento :s

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