"às vezes gostava de não sentir nada"
"quando?"
"sempre. gostava de não sentir nada sempre, ou de nunca sentir alguma coisa."
"porquê?"
"problemas."
"que tu tens?"
"que posso ter."
O dia tinha acabado, pensávamos nós.
Atrás das montanhas, no entanto, ainda se fazia adivinhar uma claridade de dia. O dia é muitas vezes associado à esperança. Neste caso não. O dia era sinónimo da continuação de algo que queríamos evitar. Estávamos contentes com a chegada da noite, não queríamos acordar já.
Ò Sol, porque teimas em voltar? Porque não te vais embora? Porque é que não te apagas?
Não venhas hoje, por favor, volta noutro dia, noutro sítio. Desculpa se te apertar a mão apenas, mas confesso que neste momento até tenho medo de ti. Tens demasiados planetas que se preocupam contigo, e tu deves preocupar-te com eles, não é?
De qualquer maneira, fica sabendo que gosto muito de ti. Hã?
Forte abraço, e um beijinho.
Terra