terça-feira, 19 de julho de 2011

Ontem fui ao Porto. E mesmo no meio de uma viagem traumatizante, vi algo que gostaria de partilhar.
Saí de Viseu bastante cedo, eram sete horas. Sabia que ainda tinha muito tempo até começarem as provas na escola, mas mais vale prevenir que remediar, e os autocarros têm um certo prazer especial em chegar atrasados. Mas cá estamos nós para contrariar a rotina, e o autocarro adiantou! Cheguei ao Porto às oito e meia, pouco mais. A estação da Batalha faz jus ao nome, não? Eu vi-me um bocado perdido na quantidade de manobras feitas pelo motorista do autocarro, e pela excessiva confusão na garagem. Saí da gruta urbana, e pisei o passeio da rua. Cortei à direita. Passei por uma série de cafés cheios e quiosques com as revistas e os jornais a forrarem suportes metálicos com o que de pior se faz neste mundo (porque o bom não precisa de ser noticiado, aparentemente). Cumprimentei o Teatro Nacional, e segui pela Rua da Santa Catarina. Confesso que não sou apaixonado pelo Porto, mas pelas pessoas (algumas, vá) de lá. Nesta rua, às nove menos qualquer coisa da manhã, com as pessoas mais concentradas nos seus pensamentos do que no que as rodeia, num silêncio que consome o barulho dos carros, tornando-os a eles silenciosos também, ouvi batidas no chão, que se repetiam com alguma frequência. Olhei, e vi um homem que apalpava terreno com uma vara comprida, que lhe substituía os olhos. Ao lado dele, um pouco atrás, ia uma senhora, que lhe agarrava ao cotovelo, também ela a ser guiada. Ele era os olhos dela. Achei a imagem bonita, dependiam um do outro. Não sei sequer se se conheciam, mas quero acreditar que se amavam um ao outro, que dependiam um do outro. Torna a coisa mais romântica. Infelizmente, a expressão na cara deles não era diferente da dos outros que os rodeavam.
Há algum mal em sorrir quando andamos sozinhos na rua? É que eu faço isso...

4 comentários:

  1. Infelizmente, a maioria das pessoas continua a deixar-se dominar pelos acontecimentos e factos menos felizes...Contudo, eles podem ser o caminho para a felicidade a partir do momento em que os ultrapassamos. Que graça teria a vida sem essas conquistas?

    ResponderEliminar
  2. Nas únicas oportunidades em que poderia ver (não peço mais que ver) alguém que admiro tanto, tenho o infeliz azar de não poder. Vivo no Porto e estive na Baixa na Segunda de manhã -.-

    Acredita, sorrir sozinho é comum. Digo isto porque o faço constantemente...

    ResponderEliminar
  3. ., Não te preocupes. Outras oportunidades surgirão! ;)
    E, já agora, obrigado por simpatizares com a minha pessoa!

    ResponderEliminar
  4. Simpatizar é pouco mas fiquemos por aqui xD

    ResponderEliminar