sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um poema para ti, em jeito de carta de despedida que é um convite para jazz

É triste para mim estar apaixonado.
Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, eu não sou poeta. Não sei escrever poesia. Não sei viver poesia. Só a sei dizer, como toda a gente.
Merda.
Não tenho coragem. Sou um leão no passeio de tijolos de ouro.
Estou triste agora. Sinto-me frágil e inútil. Sinto falta de alguém, mas não tenho coragem de a chamar. Dou demasiada importância às pessoas. Aliás, dou demasiada importância a pessoas.
Num papelinho que encontrei na minha caixa de papelinhos, um pedaço de papel rasgado, pequeno, datado de há dois anos atrás, escrevi só uma frase: "Diz não ao amor!".
Sinto que devia andar com o papelinho sempre no bolso, ou na carteira, para me lembrar de dizer que não quero. Que não devia. E este não-querer não é voluntário. É imposto pela minha maneira de ser.
Tenho uma mania estúpida de me apaixonar por pessoas que são muito mais do que eu.

Gostava de escrever um bilhete, claro, como o Souto me disse para fazer, mas não tenho coragem.
Gostava de escrever um poema, mas não sei como o fazer.
Gostava de lhe dizer alguma coisa de muito agradável e bonita, mas não sei como o dizer.
Gostava de lhe dizer que ela é um poema, cheia de enormes universos, cheia de beleza e cheia de tudo.
Gostava de lhe ler um conto.
Gostava de lhe sussurrar um poema.
Gostava de lhe cantar uma canção.
Gostava de lhe dedicar um golo da selecção.
Gostava de lhe beijar a mão.
Gostava de lhe olhar nos olhos durante muito tempo.
Gostava de lhe pintar um quadro.
Gostava de lhe roubar um beijo.
Gostava de a levar ao um bailarico de verão.
Gostava de a convidar a dançar.
Gostava de lhe dizer que é muito bonita.
Gostava de inventar uma palavra nova para ti.


E gostava de concretizar o que disse,
gostava de concretizar o que disse,
gostava de concretizar o que disse.
Mas o que vou acabar por fazer é tentar esquecer o que gostava. Porque, no fundo, o que eu gosto mesmo é de não ter de me preocupar. É de estar confortável dentro do mau estar que é estar desconfortável.

E isto é o mais próximo de um poema que lhe vou dedicar, de um bilhete que lhe vou entregar ou de uma música que lhe vou cantar que consigo fazer. Enfim.
Não vos desejo isto. Não vos desejo que isto vos aconteça.
Não desejo nada neste momento. Neste momento em que, apesar de não estar a deprimir, estou muito triste e invejoso de todos os que não são como eu.

Vamos ouvir jazz, ?

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