Uma sala escura. Um espelho. Uma caixa de cartão. Uma tela pintada. Um boneco de peluche.
Gaspar (Do interior da caixa) Sabes uma coisa? Não acredito em ti. (ri) O que te dá autorização para não acreditares em mim! Tempo. Mas não acredito em ti no sentido de não acreditar no que estás a dizer. Não acredito que estás aqui.
Pausa.
Estás aqui, não estás?
Pausa.
(Não se ouvindo nada.) Ah! Tempo. Sabes que é perigoso entrar em grutas que não conheces. No bosque há algumas, mas eu estive a sinalizá-las para não caíres lá como os outros.(Sai da caixa de cartão.) Ufa! Estou cheio de teias de aranha, acreditas? (ri às gargalhadas) Isto é giro. Pareço uma aranha. Hã? Ah, sim! Uma teia! Ou um móvel velho! Ou uma biblioteca!
Guilherme (Escondido atrás do espelho) Gaspar, estás a falar comigo?
Gaspar Não.
Guilherme Ah.
Pausa.
Sabes, não acredito em ti.
Gaspar Em mim?
Guilherme Hã?
Gaspar Não acreditas em mim?
Guilherme Em ti acredito.
Gaspar Ah! Estavas a falar com quem?
Guilherme Comigo.
(cont.)
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