sexta-feira, 27 de abril de 2012

Uma sala escura. Um espelho. Uma caixa de cartão. Uma tela pintada. Um boneco de peluche.

Gaspar (Do interior da caixa) Sabes uma coisa? Não acredito em ti. (ri) O que te dá autorização para não acreditares em mim! Tempo. Mas não acredito em ti no sentido de não acreditar no que estás a dizer. Não acredito que estás aqui.

Pausa.

Estás aqui, não estás?

Pausa.


(Não se ouvindo nada.) Ah! Tempo. Sabes que é perigoso entrar em grutas que não conheces. No bosque há algumas, mas eu estive a sinalizá-las para não caíres lá como os outros.(Sai da caixa de cartão.) Ufa! Estou cheio de teias de aranha, acreditas? (ri às gargalhadas) Isto é giro. Pareço uma aranha. Hã? Ah, sim! Uma teia! Ou um móvel velho! Ou uma biblioteca!

Guilherme (Escondido atrás do espelho) Gaspar, estás a falar comigo?
Gaspar Não.
Guilherme Ah.

Pausa.

Sabes, não acredito em ti.
Gaspar Em mim?
Guilherme Hã?
Gaspar Não acreditas em mim?
Guilherme Em ti acredito.
Gaspar Ah! Estavas a falar com quem?
Guilherme Comigo.

(cont.)

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