quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Carta da Terra ao Sol

"às vezes gostava de não sentir nada"
"quando?"
"sempre. gostava de não sentir nada sempre, ou de nunca sentir alguma coisa."
"porquê?"
"problemas."
"que tu tens?"
"que posso ter."

O dia tinha acabado, pensávamos nós.
Atrás das montanhas, no entanto, ainda se fazia adivinhar uma claridade de dia. O dia é muitas vezes associado à esperança. Neste caso não. O dia era sinónimo da continuação de algo que queríamos evitar. Estávamos contentes com a chegada da noite, não queríamos acordar já.
Ò Sol, porque teimas em voltar? Porque não te vais embora? Porque é que não te apagas?
Não venhas hoje, por favor, volta noutro dia, noutro sítio. Desculpa se te apertar a mão apenas, mas confesso que neste momento até tenho medo de ti. Tens demasiados planetas que se preocupam contigo, e tu deves preocupar-te com eles, não é?
De qualquer maneira, fica sabendo que gosto muito de ti. Hã?

Forte abraço, e um beijinho.
Terra

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